• Com 9 anos de idade, no colégio militar no Rio de Janeiro e na praia do Rio de Janeiro com seu cunhado Gaspar Viana e seu concunhado Arthur Viana
  • No antigo museu no Macapá hotel e no natal em 1978
  • Em sua casa na Hamilton silva e Com sua neta Emília
  • Com sua filha Maria Zenar

Sua Vida



Waldemiro Gomes um homem à frente do seu tempo


Que podemos falar a respeito deste personagem que foi tão importante em nossas vidas de crianças, de adolescentes e de jovens? Não é que não tenhamos o que dizer, mas a responsabilidade é muito grande para se comentar sobre tão grande homem!
Quando adoecíamos, sempre estava ao nosso lado... cuidava de nós, com muito carinho e atenção, era muito preocupado que sua família fosse saudável! Cursou medicina durante 3 anos...parou... achou que não era a profissão apropriada para ele... mas, para nós, seus entes queridos, sempre agiu como um grande médico!
Vale ressaltar que, em Macapá, a cidade em que vivíamos, era a Capital do então Território Federal do Amapá, era uma cidade iniciante e que não dispunha de muitos recursos inclusive, na área da saúde! Daí porque era tão importante que tivéssemos alguém com tantos conhecimentos, ... como nosso pai!
Como pai, Waldemiro era um grande amigo: inventava brincadeiras apropriadas para a nossa idade, contava histórias, escolhia livros adequados para lermos. Ajudou-nos a aprender a ler. Era um ótimo psicólogo: tinha sempre as palavras e as atitudes certas para nos ajudar nos momentos de dificuldades.
Waldemiro, o marido de Zenar(nossa mãe): um grande companheiro! Tinham muitas idéias em comum! Ele ajudava em tudo o que podia dentro de casa: os móveis todos eram confeccionados por eles... os dois amavam a marcenaria! Ele era também um grande carpinteiro, e as casas, em Macapá, eram em sua maioria, construídas em madeira, e, assim também a nossa casa foi construída por ele .
Waldemiro, O Escritor- Ele achava tempo para tudo! Olhando para trás, acho que o dia dele tinha 48 horas...possuía uma máquina de escrever, e passava uma grande parte do seu dia escrevendo sobre muitas coisas... e gostava de ler para nós para ver se entendíamos o que estava querendo dizer...!
Os temas que escolhia eram variados: desde saúde, alimentação, agricultura, política, literatura, poesia, relacionamentos humanos... toda semana era uma novidade e ele amava os artigos que escrevia! Sua opinião era muito respeitada e era lido por muitos!
Waldemiro, O Jornalista- Na iniciante Macapá, circulava um Jornal (Jornal Amapaense) onde se informava ao povo do Amapá, as notícias da cidade de Macapá , do Território Federal do Amapá , do Brasil e do mundo e para lá, ele enviava os seu artigos ! O Redator Chefe deste veículo de informação, era também um grande jornalista : Alcir Araújo( pai de Alcinéia Araújo, que tem se interessado muito em resgatar a memória do Professor Waldemiro, como era chamado) e que apreciava muito os trabalhos de Waldemiro, como formador de opinião!


Escrito por: Iolanda Assis Nascimento




Waldemiro Gomes um grande Homem


Ele gostava do conhecimento e gostava das pessoas! Gostava de aprender, para poder ensinar! Cobrar pelos serviços que prestava?... nem pensar!... isso quebraria a nobreza e a beleza da ação!...(era, acima de tudo, um poeta, e os poetas, estão muito além da praticidade) Este homem, Waldemiro, nasceu rico, mas do jeito que era, jamais poderia permanecer abastado! Como era de se esperar,... tornou-se pobre! Um homem tão generoso... que amava doar, sem receber nada em troca, obteve de Deus, um grande presente: um lugar para trabalhar, onde poderia obter o sustento para si mesmo, e para a família! Assim, distribuiria conhecimento e resultados de suas pesquisas, com quem fosse necessário, sem se preocupar com o lado prático da vida! Coisas que para um poeta-cientista, são absolutamente dispensáveis!
E assim foi! Tudo o que este homem sabia, não foi colocado em um livro, mas ele repartiu o saber, a todos os que o procuraram necessitando de alguma coisa! Sentia prazer em ajudar as pessoas, ... fossem elas pobres ou ricas; influentes ou não; cultas ou sem cultura... a todas, dava o mesmo tratamento : muito carinho, e atenção.



Escrito por: Iolanda Assis Nascimento


Waldemiro o grande literato



Apaixonado pelos livros: os clássicos,... os romances,... os Técnicos... os científicos... a Bíblia...!
Sempre que tinha um tempinho vago, lá estava ele com um livro nas mãos! Possuía uma biblioteca, com mais de 1000 livros, zelava por todos eles , leu todos e, seu apego era tão grande, tal era a importância que via, que em todos eles estava escrito o seguinte: “Os meus livros são meus amigos inseparáveis. Por favor, não me separem dos meus amigos!”
Se alguém precisasse levar algum exemplar emprestado, sabia que deveria ter cuidado e, assim que fosse possível, devolvesse, para que outros pudessem ser beneficiados!



Escrito por: Iolanda Assis Nascimento




waldemiro o grande Poeta

Em tudo, para ele, havia poesia ! Exaltava a beleza das coisas criadas por Deus! Não cansava de apreciar as bonitas paisagens, os rios, o canto dos pássaros,... As paredes de casa, eram cobertas de versos, que ele mesmo fazia!
Gostava de declamar os próprios poemas e os de outros poetas também, ... incentivava-nos para fazermos o mesmo! Não sabemos dizer, quantos versos compôs, mas sabemos que foram muitos ... e ... muito bonitos!



Escrito por: Iolanda Assis Nascimento


Waldemiro o Músico


Sabia tocar muitos instrumentos, mas só tinha em casa , um bandolim, o qual tocava quase todos os dias e um “serrote musical”, era parecido com o comum de serrar madeira, só o material era um pouco diferente, (talvez uma mistura de um outro metal) e ele só usava para tocar!
Era o serrote, um arco de violino, uma resina para passar nas cerdas do arco... e, assim, tirava acordes belíssimos daquela ferramenta! E, dificilmente, alguém, que o estivesse visitando, não pedia para ele fazer uma apresentação!



Escrito por: Iolanda Assis Nascimento



Waldemiro o Químico

Esta era uma grande paixão! Estudava os elementos químicos e as suas reações com muita seriedade e com muita profundidade; e esses conhecimentos vieram a auxiliá-lo, mais tarde em quase todas as suas pesquisas! Possuía um laboratório, que todos ficavam encantados em observar! Eram muitos instrumentos, equipamentos... tantas peças : pequenas, médias, grandes, mínimas... um microscópio ...
Tudo ele manuseava com muito cuidado !Era muito organizado... sabia o lugar de cada coisa!



Escrito por: Iolanda Assis Nascimento



Waldemiro o meteorologista

Montou em casa, uma pequena estação meteorológica para observar o clima de Macapá: observava as temperaturas máximas e mínimas de cada dia; quantidade e frequência de chuvas; umidade relativa do ar e a velocidade e a direção dos ventos! Ele fazia esses registros todos os anos e os guardava, porque sabia que essas informações eram muito importantes para aquela época, quando não havia os recursos que temos hoje para a previsão do tempo! Tinha também, um relógio de sol, feito por ele, para nos mostrar como se mostravam as horas, nos tempos antigos!


Escrito por: Iolanda Assis Nascimento


Waldemiro o botânico


Estudava as plantas com um carinho muito grande, sabedor que era da importância que elas têm na vida de todo o ser humano! delas se tira quase tudo: alimento, remédios, roupas , livros, casas, móveis... absorvem ruídos, diminuem a poluição do ar, reduzem o calor... humanizam os espaços...
E também sabia dos efeitos tóxicos que algumas plantas podem causar, pois algumas, possuem princípios ativos que são venenosos que podem causar prejuízos tanto nos homens como nos animais, desde que não se conheça tais princípios, e suas reações no organismo!
Através dos conhecimentos de química, pode estudar as propriedades de plantas que são usadas como fitoterápicos! Pesquisou os efeitos benéficos e os tóxicos de muitas espécies! E empenhou-se na descoberta para muitas doenças!





Escrito por: Iolanda Assis Nascimento




Waldemiro Gomes, passou por esta vida e deixou a sua marca!

Todos os que o conheciam, gostavam dele; tratava a todos de um modo respeitoso, amável e cordial, como se todos fossem amigos de longos tempos! E, nós, os familiares dele, o amávamos muito e aprendemos grandes coisas, com ele!... Era temente a Deus e muito preocupado com a nossa formação religiosa! Gostava de ler a Bíblia e tinha um grande respeito por tudo o que se relacionasse a Deus !
Ensinou-nos boas maneiras,... a ter gosto pela leitura,... a amar as artes,... a buscar o conhecimento, como fonte de vida!... mas, principalmente nos ensinou que o mais importante não são os bens materiais,... mas sim,... os valores morais: O respeito ao ser humano e à natureza! ( O homem que Deus criou com muito carinho; e a natureza, um grande presente que Ele, Deus deu ao homem, para que este pudesse viver com dignidade, aqui nesta terra!)
Waldemiro Gomes, partiu; pois já era chegado o momento dele! Mas tenho certeza,
que, O Senhor, Nosso Deus, o tem guardado para a Vida Eterna! E Este mesmo Deus, tem planos para todos nós.



Escrito por: Iolanda Assis Nascimento





Waldemiro Gomes de todas as formas


Waldemiro Gomes-Químico-Bioquímico,especializado em estologia vegetal, catalogou as ervas da amazônia, suas finalidades e seus princípios químicos. Tinha um grande estudo destinado ao câncer ,só com ervas da amazônia. Fez estudos das madeiras da amazônia e suas utilidades, madeiras que seriam usadas na engenharia, na navegação,etc...Na área da mineralogia, catalogou os minerais do então Território do Amapá. Mesmo sendo uma pessoa culta, educada, era simples e bem desprendido de bens financeiros, na sua casa os moveis eram fabricados por ele, no quintal de sua casa tinha uma serra de onde confeccionava seus moveis e outros artefatos.
Escrevia para o jornal Marco Zero, foi muito contestado em seus artigos, mais também foi bastante elogiado. Fazia comentários do cotidiano, aos assuntos mas importantes da época.
Cantou a cidade de Macapá de todas as maneiras, ele amava Macapá.( é uma pena que Macapá não tenha por ele o mesmo sentimento),escreveu sobre as lendas da amazônia,fez músicas,de onde se destaca o Luar de Macapá e o hino da policia militar. Fez quadras, sonetos, parodiou Soares da Cunha. Escreveu vários livros como Equação da Felicidade e a Lira dos Oitenta anos( livros que desapareceram depois de sua morte, pois ficaram no museu onde ele trabalhava).Os trabalhos de Waldemiro Gomes depois de sua morte ficaram no Museu onde ele trabalhava, eu sua filha(Maria Zenar) deixei la achando que seria o melhor lugar, o que foi uma pena, pois não encontrei mas nada.
Como músico tocava vários instrumentos,ele tocava ate garrafas,enchia as garrafas em varias medidas de água e assim podia tocar sua musica. Mas o que ele mas costumava tocar era violino e serrote, sim tocava serrote com arco de violino,era divino,sim só podia ser divino como tudo que vinha dele era divino. Para ele a musica fazia parte de sua vida, de seu entendimento, de seus sentidos.
Waldemiro Gomes como pai, foi o melhor pai do mundo,amava sua família,era dedicado as filhas, era pai médico, amigo etc. Na época não tinha televisão, e o rádio que tínhamos em casa foi ele quem fez, ,ficávamos ao lado do radio para escutar os programas e até as telenovelas .Quando ele chegava do trabalho,gostava de brincar com suas filhas, ele mesmo era quem fazia os brinquedos como:jogo de patelas, roletas educativas, e outras. Eu, sua filha Maria Zenar ,hoje com 49 anos gostaria que ele fosse imortal (bem de certa forma para mim ele ainda esta vivo)nunca me conformei com sua morte, e principalmente com o modo como o Estado do Amapá tratou seus estudos,me arrependo muito de ter deixado todo o acervo dele la no antigo museu Joaquim Caetano da Silva, hoje museu do Sacaca .O Dr Waldemiro era uma pessoa que com seus 86 anos, ainda trabalhava, era útil, e o que era bem interessante, era bem lucido. Eu nunca entendi o grande amor que o meu pai dedicou pra Macapá, ele falava que o motivo, era por eu ter nascido la,mas tenho certeza que não era só por esta razão, ele amava mesmo Macapá.

Bem,como dia 04 será o seu aniversario, eu sua filha, Zenarita não poderia deixar de falar o quanto você foi importante na minha vida,tudo na minha vida lembra você e sente falta de você. No final já de sua vida , você me dizia que quando sentisse saudades suas, bastava eu pensar em você, que eu iria sentir você bem perto de mim, e, é assim que eu tenho feito para poder viver sem ter você aqui. Nosso amor é eterno,estamos ligados por toda a eternidade. Com todo o amor, sua Zenarita.




Escrito por: Maria Zenar Assis Gomes.

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Músicas de Macapá

Luar de Macapá

A luz de prata do luar de Macapá
Já está iluminando a enchente da maré;
E a gente sente nessa luz tanta beleza
Que envolve o coração e nos faz sonhar até!

Estribilho: Luar, tão lindo não há,
Oh luar de Macapá!

Esse luar é tão forte, tão profundo
Que na água lá no fundo transparece
Como dia!

E a claridade dessa lua é a lua cheia
Dos peixinhos que sem movem
Com prazer e alegria!

Foi numa noite de luar de claridade
Que o amor, que a saudade se uniram
em comunhão!

Estribilho...

E como noivos em altar abençoado
Escolheram pra rezar o altar do coração!

Estribilho...

Diz uma lenda que o "penedo solitário"
É o corpo de uma índia que o amor
Sacrificou!

Em que em noite de luar, de lua cheia,
O penedo se transforma nesse corpo
Que finou!

Estribilho...

Quando aparece no horizonte a lua
Cheia, a maré também se alteia ,
Vai crescendo e vai crescendo!

E o plenilúnio chega a ter tanta grandeza,
Que a maré sente tristesa, vai morrendo
Vai morrendo!

Estribilho...

Na fazendinha, em noite de resplendor,
O luar é o pintor da choupana pobrezinha!
E quando a lua vai descendo,

Vai sumindo, toda gente

Vai sentido tristeza na fazendinha!


Estribilho...


Oh! Quanto é belo

Vêr em noite de luar,

a cidade pratear e dormir.

ter uma noiva, ter um sonho,

ter um ninho, ter carinho

e cantar com o coração


Estribilho...


No plenilúnio que transpõe a fortaleza,

Vê um vulto de grandeza,

Num florão que lá está!

É voz do povo que esse vulto

Foi guerreiro que morreu

Pela defesa das terras de

Macapá.


Estribilho...


Em noite claro de luar, de lua cheia,

Toda a ponte se branqueia,

Parecendo grande altar!

E em cada banco abraçadinho

Um par de noivos faz as juras

Mais sagradas com promessas

De casar!


Estribilho...


A lua branca do luar de Macapá
Tem feitiço que não há quem

Quem traduza sem sofrer!

Oh! Quem me dera ter a sorte

Ter a sina de sentir esse feitiço

Té na hora de morrer.


Estribilho...


Waldemiro Gomes.

falta terminar
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Quadras




























































































































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Obras


Amapá

Grandioso torrão Brasileiro,
Amapá empório juvenil;
Tu vais ser, oh! Torrão pioneiro;
O mais belo do nosso Brasil!
Elevado por gênio fecundo,
A grandeza , ao progresso sem par;
N´Amazônia, celeiro do mundo,
Tu vais ter destacado lugar!

Teu passado é um hino de glórias,
Exaltado na voz do presente;
É sacrário de belas vitórias;
Deste povo heroico e valente!

Há mais selvas, nas águas, nos campos;
A riqueza que a todos seduz;
Há mistérios, murmúrios encantos;
Que somente o teu povo traduz.

Segue a vante torrão Brasileiro;
Deste céu deslumbrante de anil;
Deus de faça oh! Torrão pioneiro;
Amapá: Coração do Brasil.

Macapá, 06 de maio de 1954.



Socialismo

Era uma vez um fidalgo
- Homem de bons predicados;
Habitante de um solar
Apenas com dois criados.

Certo dia, hora do almoço,
Causou-lhe grande surpresa
Notar que em lugar de um prato
S' tavam três, pratos na mesa.

Fez vibrar a campainha
E dos servos indagou:
Porque três pratos na mesa
Se amigos não convidou?

É que hoje, diz um deles,
Que os direitos são iguais,
Viemos comer à mesa
Assim como comem os mais.

O Fidalgo, indiferente,
Comeu, bebeu e depois,
Ainda a fumar charutos
À mesa Deixou os dois.

Dia seguinte, mui cedo,
Inda o sol não nascia,
A porta dos dois criados
O tal Fidalgo dizia:

Amigos, dêm o dinheiro
Para as compras, desta vez;
Ontem comeram comigo
Hoje eu como com vocês.

Foi quanto bastou, pra que
Á mesa não mais voltassem,
E a dita “sociedade”
No mesmo instante acabassem.

Macapá 27 de junho de 1954.




Matintaperera
(Lenda Amazônica)

Matintaperera
Passou no roçado;
Vestido encarnado
Seu corpo encobria;
E manquilitando,
Baixinho falando
Num pau se aparando,
Disfarça e assobia.

O som estridente
sumiu no deserto;
Um galo bem perto
Três vezes cantou,
De novo assobia,
Descansa, vigia,
Sorri de alegria,
Depois caminhou,

Maní, linda filha
De um sonho de amor,
Ouviu com pavor,
Matinta Silvar.
Correu pra janela
Olhou pra cancela
E viu que era ela,
Mantinha, a agourar.

Temente, nervosa,
Chamou sinhazinha,
a preta madrinha
E disse chincando:
Matinta é malvada,
maldosa...danada,
Não sabe de nada...
Mas stá me agourando.

A velha mucamba
Sismando ficou:
Mani confessou...
Oh! Bôto malvado...

Mani! … Que loucura!...
Meu Deus que tortura!...
Pois virgem mais pura
Não há no roçado.

Aflita, chorosa,
foi ter ao portão,
E logo no chão,
Deixou com fartura:
Tabaco migado,
Cheiroso melado,
Em folha espalhado
Sem ter atadura.

E aos gritos, no quarto,
Clamou: Vem brincar;
Já podes fumar
De noite e de dia,
Mani stá dormindo,
Sonhando, sorrindo,
Não está mais ouvindo
O som que assobia.

Mani, era pura
do sonho de amor,
Salvou-a o senhor,
E fê-la dormir.
No sono inocente:
Não ouve, não sente,
Não teme da gente
E aguarda o porvir.

Matintaperera
Voltou ao roçado;
Vestido encarnado
Seu corpo encobria,
Deixou de silvar,
Deixou de agourar,
Passou a fumar
De noite e de dia.

Macapá, 27 de maio de 1954


Boiuna
(Lenda amazônica)


Meu bem: Você viu
Quando o sol baixou,
A luz que brilhou
Na margem do rio?
Tão grande! Luzia...
Depois de mexia,
Que até parecia
A luz de um navio.
Mas logo apagava;
Então à distância,
Pairava numa ânsia,
Que até sufocava;
Porque se sentia
Um cheiro, uma azia,
Tal qual maresia
Que até enjoava.
Momentos depois
Nessa direção,
Mais outro clarão
Brilhava. Eram
Dois olhos vidrados,
Enormes molhados
Mortiços, pulados,
Iguais aos dos bois.
Que susto, meu Deus
Quem estava em barco
Remava apressado
Pra junto dos seus.
Foi tal ventania,
Trovão, maresia,
Que nem eu sabia,
Onde estavam os meus.
A mata gemia,
Os troncos partiam,
As águas subiam,
E ao longo se via:
A cobra danada
Boiuna chamada,
Amaldiçoada
De noite e de dia.
Meu bem:você viu
A cobra danada
Boiuna chamada,
Nadando no rio?
Não minta, confesse...
Onde´isso aconteceu?
Onde é que aparece
Se nunca existiu?
Que moço descrente!...
Aqui no roçado,
Onde fui enviado,
Cabado não mente...
boiuna é danada:
Quando estovada
Devora a dentada
E a gente nem sente.

Macapá,15 de maio de 1954







Saci Pererê
(Lenda Amazônica)

Caboclo assustado;
À luz do luar:
Se ouve estalar;
Já fica gelado.
É alma perdida?
É fruta caída?
É cobra atrevida
Ou galho quebrado?

Espera um momento;
Nervoso, sismado.
Gelado, suando,
Num grande tormento;
Depois de repente:
Vem grito dolente;
Tristonho, pungente;
Sibila, agorento.

Tremendo ficou:
Saiu, foi andando;
Olhando, escutando;
Mas nada encontrou;
Queria encontrar;
Queria avistar;
Quem sabe! Matar;
Mas nada avistou.

Somente um cipó;
Mostrava, quebrado;
Que fôra cortado;
Pertinho de um nó;
E logo na frente;
Em rastro recente;
Pegadas de gente;
Numa forma só.

Daquilo que vê;
Sismado ficou;
Depois escutou:
“Saci-pererê”
Caboclo,coitado:
Não saí do roçado;
Só vive assustado;
Nem sabe de quê...

Escuta gemidos;
Iaras, Sacis;
E Bôtos gentis;
Qual ternos maridos...
Tem lendas sagradas;
Relíquias guardadas;
Histórias contadas;
Tomando os sentidos.

Caboclo, coitado;
Não sabe o que diz;
Só vive assustado;
Mas vive feliz.

Macapá, 23 de maio de 1954.






Iara
(Lenda Amazônica)


Iara, mãe d'água
Eu vi, era linda!
Tão bela que ainda
Não pude esquecê-la:
Cabelos limosos,
Compridos, formosos;
E os olhos brilhosos
Qual luz de uma estrela.

Seu corpo era espuma
De nívea fragrância;
Que longe a distância,
Mostrava candura;
E a gente ao fita-lo
Queria abraça-lo,
Sonhava beija-lo
Com grande ternura.

À luz de luar,
Seu canto prendia
Com tanta magia
Que a vida parava;
E os sons eram beijos,
Divinos arpejos,
Carícias, mais beijos,
E a vida voltava.

Sinhá, índia velha,
Sentada ao meu lado,
De olhar espantado
Me disse: meu bem,
Iara é maldosa...
Perversa ...manhosa...
Sútil...engenhosa...
Não olhe pr'além...

Iara passou
Sem ver onde eu estava;
Seu corpo exalava
Odor de jasmim;
Iara foi indo...
Aos poucos sumindo...
E eu fui sentindo
Saudades sem fim.

Iara, mãe d'água;
Eu vi, era linda!
Tão bela que ainda
Não pude esquecê-la:
Cabelos limosos,
Compridos, formosos;
E os olhos brilhosos
Qual luz de uma estrela.

Macapá, 11 de abril de 1954.




Bôto

(Lenda Amazônica)

Silvina morava;
No seu tejupar;
E nele a cantar,
Seus dias passava;
Casinha pequena;
Com pé de açucena;
Outro de verbena
Que a moça adorava.

E o povo dizia;
Que dentro, a tapera;
De limpa que era;
Chamava...atraia...
Que tinha puçanga;
Cordoes de miçanga;
Da cor da pitanga;
Com que seduzia.

A mãe, com cautela;
Conselhos lhe dava;
Silvina escultava;
Qual meiga donzela;
Porque, na verdade;
Não tinha vaidade;
Nem tinha maldade;
Porém... era bela...

Tão simples, que um dia;
Despida na areia;
Não viu quem a via...
E desde esse instante;
Um mal excitante;
sem causa...constante...
Roubo-lhe a alegria.

Cunhã despeitada,
Maldosa espalhou:
O boto pegou,
Silvina coitada...
Eu vi, estava alheia...
Despida na areia...
Qual terna sereia...
Na praia deitada...

Silvina encontrou;
Um rosto moreno;
De porte pequeno;
Com quem namorou...
A mãe não queria,
Silvina sabia,
Que um meio existia...
E o boto pegou...

Macapá, 01 de maio de 1954.



Catedral de São José de Macapá

Erguida num passado secular,
Abriga no seu porte de grandeza
A lembrança vetusta e singular
Da arte, do trabalho e da beleza.

Seus traços ogivais emoldurando,
As janelas, as portas e os vitrais,
Parecem relógios sólidos sustentando
O estilo dos bens coloniais.

Unificando forma estrutural,
Maciço pedestal suporta o sino
Da torre que distingue a catedral.

É neste templo que os devotos seus,
Fazem a prece do sagrado hino,
A exaltação das almas para Deus.




Brasil!

Eu te saúdo, oh! Meu Brasil gigante,
Beijando com amor,teu pavilhão!
E chamo numa prece devotante,
Este brado de férvida oração!

Quero te assim: Vibrante, destemido,
Temperado de luz e liberdade;
Primeiro na defesa do oprimido,
Excluindo do crime e da maldade!

Quero sentir, nas réstias matutinas,
O germinar da fôrça consciente,
Espalhando trabalho nas campinas
E progresso por todo continente!

Em teus feitos de glórias redivivos
Anseio agrilhoar a mocidade,
Qual espelho real, de imagens vivas
Refletindo o pulsar da eternidade!

Sacrário de jornadas grandiosas,
Quero-te forte, imperativo, audaz:
Gigante nas conquistas gloriosas,
Invencível nas lutas pela paz!



Felicidade

Só é feliz quem sabe perdoar;
Só é feliz quem vive pra esquecer;
Esquecer é dar beijos e sofrer.

Vai no perdão a alma, que quem chora;
Cristalizar com a alma que pecou;
São duas almas soluçando agora;
Esquecendo um suplício que findou.

Esquecer tudo! Esquecer a própria vida!
Soluça eternamente perdoando;
Que tu serás pra sempre a preferida.

Assim minha amada sedutora:
Eu quero que me beijes soluçando;
Numa ânsia feliz e sofredora.



Coração Fracassado

Meu pobre coração: Tu fracassaste;
Sofreste a desventura de supor,
Que amando tanto quanto tu amaste
Não podia morrer tão grande amor!

Amor de coração de sentimentos;
De dores de saudade, de alegrias;
De comum tão total de pensamentos;
De sonhos a nascer todos os dias!

Amor que se refundi a cada instante;
Exaltando querer: idolatria!
Amor! Tão grande amor!
Amor constante.
Meu pobre coração: tu fracassaste.

Mas sublime na dor e na agonia:
Ao deixar de bater me perdoa.



Zenar
Porque Te Adoro?


Em primeiro lugar: porque és mulher;
Mulher – elevação de sentimentos;
Mulher que tem no peito um coração;
Transbordando de amor e sofrimento;
Adoro o teu olhar – sinceridade;
a franqueza sublime que te adorna;
Adoro o teu viver – sinceridade
que de simples, mas linda inda te torna;
Adoro o teu pensar, o teu querer:
Diferente de todas as mulheres;
Adoro a até o que te faz sofrer;
Porém, mulher o grito: Adoração!
É porque sinto que também me queres
Quando deixas falar teu coração.

Macapá,07 julho de 1954.



Minha Professora Zenar
(O seu Mundo)

Fui vê-la em sua casa pequenina,
Erguida num tapete de gramado,
com flores de fragrância muito fina,
E um jardim de flores semeado.

Ao lado tem um poço redondinho;
Na frente, na entrada, uma puxada;
É modesta, é mimosa, é quase o ninho,
De uma ave que vive enamorada.

Tem um pé de frondoso limoeiro,
Tem fruteiras sem conta, bem tratadas,
E tem, todo florido, um jasmineiro.

Ali ela se esconde da cidade;
Ali suas férias são passadas;
Ali é o seu mundo de verdade.

Macapá, 26 de junho de 1954.




Zenar Mulher
(Primeiro perfil)

Mulher, tem como todas as mulheres
O sublime defeito de mentir;
E assim pecando, nega se disseres
Que o coração nasceu pra sentir.

Não crer no grande afeto que sublime
O querer, o amor, a adoração;
Despreza a transcendência de uma estima
Porque diz que não sente o coração

Foi modelo de um sonho do senhor!
E por muito sofrer se contradiz
Inda que sinta verdadeiro amor

Não é mulher como qualquer mulher
Pode mentir, sentindo o que não diz,
Mas senti loucamente oque disser.

Macapá, 23 de julho de 1954.




Zenar Professora
(Segundo Perfil)


Ligou seu coração à sua alma;
E fez da profissão um sacerdócio;
Trabalhou e lutou; ganhou a palma
Da feliz união – desse consórcio.

Agora seu amor, amor ardente;
Na suprema virtude se conduz:
Ensinar e levar a cada instante;
Um bendito clarão, fonte de luz.

É meiga, é paciente com as crianças;
E com elas constrói lindas casinhas
simulando depois fazer a mudança.

E nessa profissão é sedutora,
Porque para ensinar as criancinhas
Deixou de ser mulher: é professora.

Macapá, 27 de julho de 1954.




Zenar Agricultora
(Terceiro perfil)


Para ser o complemento do seu mundo
Para horas seguir a pensar;
Na planta que germinar lá no fundo;
E na rosa que vai desabrochar.

Enfrenta as intempérias com bravura
Esquece que a mulher, e logo então:
Para regar as plantas, na secura;
Enverga pressurosa o macacão.

Mas quando chega a hora do sol porto:
O misticismo que a saudade encerra;
Aparece sublime, em seu rosto.
Ela. Porém senhora criadora:
Porque sente pulsar a própria terra;
Não se julga mulher: é agricultora.

Macapá, 27 de junho de 1954.






Saudade

A saudade é uma tristeza
Que faz a gente viver;
É isso que você sente
Mas que não sabe dizer.

É comida bem gostosa
Muito leve, porém, tanta:
Que a gente engole e mastiga
Mas está sempre na garganta!

É ardor adocicado
Que chega aos olhos da gente,
Quando se vê bem pertinho
Quem não está na nossa frente!

É vontade de ficar
Com os olhinhos bem parados,
E sentir que esses olhinhos
Vão ficando embaciados!

É chegar nesse momento
Que os olhos deixam de ver,
E o coração vai lembrando.
Vai fazendo aparecer!

É ter a alma bem presa,
Àquela meiga visão
Finalmente: é o nosso pranto
Sufocando o coração;

É mesminha está agonia,
Que neste momento eu sinto,
E que você acredita,
Porque sabe que eu não minto.

Macapá, 14 de julho de 1954.





Simples Comparação

Na aula de Geografia a professora Zenar ouviu,
Da turma do dia certo aluno perguntar: Este lugar
Donde estamos que se chama Macapá, onde todos nós
Moramos inda pertence ao Pará?

Estas praças grandiosas, os cinemas , as ruas largas formosas
E outras obras reais é tudo daquela terra?
Meu estado é assim tão grande e tanta riqueza
Em serra nessa cidade distante?

Escuta, Cérvolo: Aprende em simples comparação.
O enredo diferente dessa pequena lição

Supõe que uma casa enorme onde a riqueza s' expande
E Tenha um quintal desconforme, gigantesco, muito grande;
Que todo esse quintal pelo guarda desprezado informa
Justa legal, foi a outro confiado. Outro que em luta constante
E grande dedicação: nesse quintal tão distante trabalha com devoção
Ouve bem: esta cidade que pertence ao Amapá, foi um quintal desprezado
Do teu, do nosso pará; que a vontade inquebrantável, o trabalho, a honestidade,
Guindarão ao ponto invejável de tanta prosperidade.

Macapá. 13 de junho de 1954
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Fotos

As duas "Zenar" de sua vida








Sua esposa e filha(Zenar)







Waldemiro Gomes Com 9 anos de idade, no colégio Militar do Rio de Janeiro.





Com sua filha Zenar






Escola de Esgrima: Em Prima!







Cavalaria contra Infantaria - Aula de esgrima







Bateria de Artilharia em Batalha









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